A resposta a essa pergunta, que poderia parecer sem sentido até o advento da pandemia da covid-19, mostrou-se novamente tão necessária quanto urgente. Entre tantas coisas que precisamos aprender ou reaprender, enquanto sociedade, está o valor da Escola para todos, mas, sobretudo para as crianças pequenas.
Para essa reflexão, há um primeiro divisor de águas: devemos separar a ideia de uma Escola que educa, no profundo sentido do termo, de outra que apenas tem por finalidade atender, cuidar com segurança, ocupar o tempo da criança com atividades agradáveis.
Mas, há outro engano comum: no outro extremo está o pensar a Educação Infantil como um preparatório para o Ensino Fundamental, como um tempo de antecipar as regras da escola formal, ensinar línguas e números, "escolarizar" – no sentido mais tradicional do termo.
Para muito além dessas duas ideias antigas e superadas, precisamos defender novamente, com força e conhecimento, a importância histórica de uma educação de crianças que, com intencionalidade pedagógica, amplie a autonomia, o pensamento livre, a criatividade, o repertório de experiências, o desenvolvimento das múltiplas linguagens pelas quais pensamos, sentimos, nos exprimimos.
Inúmeras pesquisas no campo da pedagogia, da economia, da sociologia provam o imenso impacto da Educação Infantil por toda a vida de uma pessoa e, também, para toda a sociedade. Especialistas ressaltam que a Educação Infantil tem um papel protetivo no bem-estar infantil, que precisa ser valorizado.
Assim, durante a pandemia, as famílias reaprenderam quanta falta faz a escola para o corpo, para a mente e para o coração das crianças de 0 a 6 anos. É tempo de voltar. Restringir o acesso das crianças a esse ambiente educativo é alijá-las do direito à uma vida melhor, com mais qualidade, mais humanidade, mais futuro.
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Cláudia Tricate
Pedagoga, psicóloga, mestre em Psicologia e diretora pedagógica do Colégio Magno/Mágico de Oz