João: O que pesou para mim é o tema ser menos abstrato. Das muitas opções, essa era a que mais tinha a ver com o cotidiano. Uma coisa real. Sem falar que deu para aprofundar o artigo com a biologia.
M: Quanto tempo vocês levaram para produzir o artigo?
Júlia: A definição do tema foi rápida. Nós levamos tempo mesmo para produzir os cálculos. Umas quatro semanas no total. Todos os dias escrevíamos alguma coisa, tentávamos resolver algum cálculo novo. E, aos poucos, o artigo foi ganhando forma.
João: Como essa era uma matéria nova, com um conteúdo que nunca tínhamos visto, foi um desafio. Lembro de dois cálculos que ficamos, por umas duas semanas, tentando resolver e foram bastante difíceis. A gente ficava por uma hora e meia tentando e não conseguia. Aí parávamos. No dia seguinte, uma nova tentativa, mais uma hora e meia. Conversávamos com o Lázaro, que sugeria algo novo. Nós insistimos até dar certo.
M: Apesar de unir biologia e matemática, o artigo tem um grande conteúdo de Ciências Exatas. Vocês sempre foram bons alunos de matemática?
Júlia: No meu caso não. Mas o professor Lázaro faz a matemática ser algo divertido. Então, foi uma descoberta incrível. Muitas vezes, a gente descobria que o que parecia complexo, não era tão difícil.
João: O fato de o professor ter sido o Lázaro fez a diferença, pois até quando o conteúdo era muito abstrato, ele tornava tudo mais dinâmico, mais leve.
M: Fazer o curso de Iniciação Científica em ano de vestibular foi desafiador? Como organizar o tempo e as rotinas para dar conta de tudo?
Julia: No terceiro ano é sempre mais difícil. Em época de provas, principalmente. Você precisa se organizar. Mas o Magno conseguiu deixar tudo mais tranquilo.
João: O Lázaro foi generoso no prazo. Ele indicou um prazo bastante longo e a gente conseguiu dividir certinho, fazendo um pouco por dia, deixando a rotina mais leve.
M: E vocês foram à USP, para aprofundar a pesquisa...
Júlia: Sim, conhecemos o BeeLab. Foi incrível conhecer a associação da “parte” biológica disso tudo, para complementar nosso texto. Deu para perceber como as abelhas, mesmo sem a intenção, conseguem fazer tudo perfeito. Então, você sai de lá pensando como a natureza é equilibrada.
João: Não foi para aprofundar o artigo matematicamente, mas toda a parte biológica que estávamos investigando. Fomos recebidos pelo professor Michael Hrncir, que nos guiou por tudo. Foi uma experiência de muito aprendizado, conhecer as diferentes espécies, particularidades de cada uma... algo incrível!
M: Vocês dois estão assinando um primeiro artigo científico aos 17 anos. Qual a sensação?
Júlia: Um sentimento de orgulho de si, principalmente, por vir junto com a conclusão do Ensino Médio. Isso fica grande.
João: A mesma sensação: orgulho por acabar e ver que demos o nosso melhor. Que demorou, mas conseguimos.
M: E o que vocês aprenderam com essa experiência?
Júlia: Produzir o artigo me ensinou para além da ciência. Eu aprendi sobre determinação, capacidade... Então, não sei se vou seguir como pesquisadora, mas eu tinha a curiosidade de viver essa experiência.
João: Eu nunca tinha feito um trabalho dessa dimensão. Foi um aprendizado no sentido de determinação e organização de tempo. Claro que a gente vai levar o acadêmico para a faculdade, mas o que aprendemos aqui, vai além.